Prognósticos só depois dos Óscars
Estou a dedicar-me à maratona de ver todos os candidatos de enfiada. Ainda faltam os importantes Vale de Elah e Haverá sangue.
Uma desilusão forte foi Sweeney Todd. Como Gore não é para levar a sério com as suas personagens bidimensionais e uma costela moralista. Como entretenimento pisa demasiado o risco; Há litradas de sangue, muitos cadáveres e aquelas populares tartes. É um Dickens com um serial killer. Mas infelizmente ele canta. Todos cantam e ...muito mal. Aquelas cançonetas não lembram a ninguém ó Burton. O filme conta-se numa frase: " A vingança serve-se fria e paga-se cara".
Saltemos para o filme dos irmãos Cohen onde o dinheiro tudo corrompe. Bardem o serial killer tarado rouba todo o filme com a sua pistola de ar comprimido de matar gado. Um homem fazer uma interpretação assim e ter simultaneamente aquele penteado... já ganhou o óscar! O filme não é só Bardem, as imagens do deserto são reminiscentes de um grandioso John Ford, o incessante vaguear forçado do personagem principal teleporta-nos para road movies como Bonnie and Clyde. O filme é um forte candidato a melhor filme e melhor realização. E sempre que Bardem aparece lá nos encolhemos na cadeira.
Michael Clayton é um filme espertalhaço com uma trama ao estilo de Syriana onde o competente Clooney também entrava. Lá para o meio do filme começamos finalmente a perceber as ligações entre os diferentes personagens e o puzzle começa a compôr-se. O filme vive mesmo desse efeito de puzzle já que a trama é simples e banal. Há uma empresa de advogados onde Clooney trabalha que está a defender uma grande empresa num longo e importante processo judicial que mete OGMs, pelo meio há gente muito ruim e tudo acaba bem porque Clooney é o maior. Tilda Swinton é irrepreensivel no papel de cabra pérfida e cruel, mas no fim trama-se porque Clooney já tomou um Nespresso what else! e não anda a dormir.
Tilda leva nas calmas o óscar de melhor secundária se a Blanchett não lho roubar. (Quanto a Clooney ganhará um óscar quando fizer uma personagem gay e tirar a roupa).
Nas animações não me parece que o sensaborão Surfs up consiga bater o delicioso Ratatouille. E o Persepólis tem uma animação que parece iguazinha aos desenhos da novela gráfica em que se inspira.
Quanto a actor principal, realizador e melhor filme: vai ser preciso ver o Haverá sangue e o Vale de Elah para apostar. Os restantes candidatos não me parecem ter actuação à altura, só Day-Lewis ou Tommy Lee Jones ganharão.
O ano foi pobre em espaço para papeis femininos. Basta uma volta pelos nomeados para ver que na maior parte dos filmes não há papeis principais femininos. Discriminação no seu melhor. A excepção é a brilhante Marion Cotillard que tem vindo a coleccionar prémios com a sua Piaf em La vie en rose/ la môme. Mas o facto de se tratar de uma actriz desconhecida nos EUA e ser um filme europeu pode não a beneficiar.
Uma pequena nota para as nomeações de curtas metragens animadas, onde pontua um filme fantástico já lançado no mercado português: "Pedro e o Lobo" de Suzie Templeton com a música de Prokofiev é uma animação stop motion que o próprio Prokofiev teria adorado! (critica no Times). O filme tem cerca de 30 minutos. Este é o único filme nomeado nesta categoria que já vi. No entanto vi "the old man and the sea" um filme anterior de Petrov que ganhou em 1999. Petrov é nomeado este ano com "my love" (moya lyubov no original) um filme que parece usar as mesmas técnicas de animação e estilo gráfico do de 1999 (pintura a óleo sobre vidro). Conhecendo o trabalho de Petrov diria que o filme dele deste ano é de certeza um forte candidato.
Ah, pois, não vale a pena falar de Juno e Expiação. Juno está lá porque é politicamente correcto pôr uma parvoíce com um tema daqueles e Expiação está lá porque tinha de lá estar mas enfim não acrescenta nada.
Labels: Cinema
0 Comments:
Post a Comment
<< Home