Jornalismo??
Surgiram uns artigos na comunicação social sobre os manuais de educação sexual. Bastante depreciativos!
No Expresso e no DN zurzem-se os conteúdos de dois manuais de forma alarmista. Os manuais contém, segundo esses jornais, várias "actividades" que são um atentado à intimidade dos jovens. São dados exemplos:
No Expresso e no DN zurzem-se os conteúdos de dois manuais de forma alarmista. Os manuais contém, segundo esses jornais, várias "actividades" que são um atentado à intimidade dos jovens. São dados exemplos:
- "O professor deve perguntar: o que está o rapaz a tocar (o mesmo para a rapariga)? Já fizeste isso? Onde o fazes? Com quem o fazes?"
- "Alguns manuais escolares, elaborados em consonância com as novas orientações dos Ministérios da Educação e da Saúde, propõem aos professores exercícios para crianças de 10 e 11 anos tais como colorir «partes do corpo que gostam que sejam tocadas»."
- "EM EXERCÍCIO de 50 minutos, destinado a turmas do 5.º e do 6.º ano, propõe que, durante a aula, os professores ponham os alunos de 10 a 12 anos a pensarem no maior número possível de sinónimos para palavras como testículos, pénis, vagina ou relação sexual. De acordo com os manuais para os professores é «normal e aceitável utilizar expressões consideradas menos adequadas» e que podem mesmo «causar embaraço ou tornar-se desagradáveis». No final, e esgotadas todas as hipóteses, os estudantes devem afixar num «placard» o resultado deste trabalho."
De facto coisas pouco apropriadas para se "ensinar" a crianças e jovens.
Mas afinal vem a saber-se que:
- Um dos livros, coordenado por Júlio Machado Vaz, não se destinava aos alunos mas sim aos professores que coordenassem a disciplina de educação sexual; e que o conteúdo não era bem aquele que aparecia na notícia ou que o contexto era diferente.
- O outro livro é um manual espanhol; portanto não é um livro que seja usado por alunos portugueses independentemente de ser bom ou mau.
- As informações fornecidas aos média foram compiladas por um sr. de seu nome João Araújo, apresentado na peça do Expresso como professor universitário e pai de quatro crianças. O Expresso esqueceu-se de dizer que João Araújo é um membro proeminente e activo da associação Juntos pela Vida. Parece-me que neste contexto seria uma informação relevante, já que a dita associação defende o fim do ensino da educação sexual nas escolas.
Sem querer opinar sobre a educação sexual nas escolas, cumpre-me dizer que esta é uma das razões por que deixei de comprar o Expresso há já uns tempos: Mau Jornalismo.
O Expresso tornou-se uma espécie de tablóide sensacionalista: Artigos mal escritos, artigos com paleio que não interessa nada nem informa, artigos em que não se confirmam fontes, em que se omite parte da informação...
As outras razões para deixar de o comprar e ler foram:
- Títulos dignos de um jornal "o Crime" mesmo em cadernos que se querem sóbrios como o da economia.
- A auto-promoção maciça e manipuladora que fazem a outras empresas do grupo (SIC e outras) e a artigos que vendem (livros, cds e etc...). Esta auto-promoção está em todo o jornal começando por grande parte da primeira página e acabando em propaganda disfarçada de artigos na revista Única.
- A quebra clara de qualidade das 2 revistas (única e actual). Com fotografias cada vez maiores e textos cada vez mais curtos.
A Única se consegue ter um artigo que se leia por semana já é sorte! Prima cada vez mais pelo estilo revista de sociedade acéfala género "Nova Gente". Nem os cronistas escapam: Rui Henriques Coimbra escreve sobre o mesmo que escrevia na revista "K" (lembram-se dela?) há uns 100 anos. Apesar de gostar do que ele escreve, saturei! Carla Hilário Quevedo lê-se na blogosfera e o resto é ... palha.
A Actual salvo raras excepções (Jorge Calado, Nuno Crato, João Lisboa e mais dois ou três) nunca foi boa. A crítica de livros aparecia meses depois de terem sido editados e apresentava como novidades coisas que não o eram. A crítica e divulgação de arte era totalmente filtrada de acordo com critérios que nunca me pareceram muito isentos.
Porque não tenho tempo nem paciência para isto deixei de comprar. É pena que não haja alternativas em português e que eu tenha de ler o que quero noutras línguas.
Sobre a polémica da educação sexual leia-se na blogosfera: A natureza do mal. Triciclo Feliz. Quase em Português. Murcon. Ma-Schamba. E em mais umas dezenas de blogs concerteza.
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