Saudade
O português esse ser estranho que passa a vida a maldizer os serviços públicos, os vizinhos, os colegas de trabalho, os chefes, o governo, os médicos, a polícia, as contas para pagar, a sogra, a sujidade das ruas, a falta de educação do parceiro, os filhos dos outros e de um modo geral o seu país em tudo inferior às restantes nações do mundo, mostra claras mudanças assim que põe o pé no exterior.
Transmuta-se como a noite em dia num ápice. Um mês no exílio é suficiente para passar a louvar Portugal e tudo o que lhe concerne. A cadela Pinsher irritante da vizinha passa a bichinho amoroso, a secretária incompetente do escritório passa a aquela rapariga simpática e dedicada... Mas as loas incidem com particular enfase nos mastigáveis e engolíveis: os pasteís de Belém, os bifes à portugália, o saboroso vinho, as maças bravo esmolfe, os ovos moles, o bacalhau à Brás, as ameijoas à Bulhão pato.
Nada substitui um belo queijo da serra ou um opíparo presunto de Chaves. E poderá um qualquer cerveja alemã comparar-se a uma SuperBock, nem lhe chega aos calcanhares....
E comparar carapaus alimados com arenques fumados, ou ovas cozidas com caviar, e posta mirandesa com hamburguers, Mateus Rosé com Moet&Chandon, Fofos de Belas com scones, Vichycoise com canja de galinha ou Apfel Strudel com queijadas de Sintra? Entre uma lasanha e o empadão de restos da Maria não há que hesitar...
E comparar carapaus alimados com arenques fumados, ou ovas cozidas com caviar, e posta mirandesa com hamburguers, Mateus Rosé com Moet&Chandon, Fofos de Belas com scones, Vichycoise com canja de galinha ou Apfel Strudel com queijadas de Sintra? Entre uma lasanha e o empadão de restos da Maria não há que hesitar...
A única altura em que Portugal é grandioso e o melhor do mundo é mesmo quando estamos fora. Sugiro que nos vamos todos embora!
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