Chernobyl 20 anos depois
A efeméride já foi no dia 25 e 26 de Abril. Mas esta não é uma efeméride que deva ser comemorada. Passaram 19 anos sobre o desastre de Nuclear de Chernobyl (Tschernobyl em russo). O maior desastre industrial do Mundo. A radiação libertada foi cerca de 100 vezes mais que a das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki.
Nessa noite na central nuclear de Chernobyl localizada a cerca de 100 Km de Kiev, na actual Ucrânia, a reacção em cadeia no reactor 4 ficou fora de controle por terem sido negligenciados procedimentos de segurança obrigatórios por funcionários. Por volta da 1:30 da manhã houve uma explosão que matou instantaneamente 30 pessoas e libertou doses maciças de radiação para a atmosfera.Mais tarde cerca de 100 mil pessoas morreram devido à exposição à radiação (o equivalente a toda a população de Aveiro ou Braga). Milhares de pessoas sofrem actualmente de cancro da tiróide, leucemia e vários tipos de tumores malignos. A estimativa é de 50 a 100 mil pessoas com estes problemas. As estatísticas de malformações do feto, prematuros e nados-mortos dispararam nas zonas contaminadas.
Uma vasta área que incluí parte da Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia continua a ter valores de radiação elevados (Cs-137 > 1 Curie/Km2). A Bielo-Rússia têm 22% da sua área total contaminada (A central fica junto da fronteira Bielorussa e devido às condições atmosférica 70% do material radioactivo depositado ficou na Bielo-Rússia tendo afectado uma zona onde vivia 1/5 da população deste país). 22% da área da Bielo-Rússia é mais ou menos a área da Suiça inteira. 1.5 milhões de Bielorussos continua a viver nas zonas contaminadas. Na Ucrânia, dos 7 milhões de pessoas que viviam na zona contaminada na altura do acidente, apenas 500 mil foram evacuados. A população nessas zonas é actualmente de 5.5 milhões de pessoas.
Prevê-se que as zonas com níveis de radiação entre 15 e 40 Ci/Km2 Cs-137 possam ser reocupadas dentro de 30 anos. Para as restantes não há prognósticos.
Actualmente uma área com um raio de 30 Km permanece selada e evacuada. Se não contarmos com as pessoas que voltaram a instalar-se lá às escondidas. Existe uma barreira à entrada onde se faz uma descontaminação e só se passa com uma autorização especial. Foi o que fez Elena Filatova com a sua mota e munida de um medidor Geiger- Revisitou as cidades fantasma e tirou fotografias que colocou na internet.
Ruas vazias até perder de vista, ruínas e mais ruínas, a natureza a tomar conta de tudo e um silêncio sepulcral aterrador. Nas cidades tudo parece bem. Com sorte até se podem encontrar pratos ainda na mesa. Excepto que não existem pessoas.
No dia seguinte ao desastre 500 mil pessoas foram evacuadas.
Assim de repente.... Tiradas da cama e metidas em camiões só com a roupa que tinham no corpo.
Foram colocadas a viver numa região diferente onde foram ostracizadas - eram vistas como doentes contagiosos pelos locais. Os mais jovens tiveram poucas hipóteses de ter relações estáveis- Ninguém queria arriscar a concepção com uma pessoa que esteve exposta a radiação. Resultado: um envelhecimento da população e o declínio da esperança média de vida que nalgumas regiões atinge valores tão baixos como 67.2 .
Outras fotos e documentação sobre chernobyl ( em italiano)
Labels: Science
1 Comments:
Claro que todos nós já conhecíamos a tragédia de Chernobyl, mas lendo os números, até arrepia.
Bom trabalho!
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