Ranking de Universidades
Um mal-amanhado artigo publicado no jornal Público de ontem dá conta da existência de um estudo recente que faz um ranking de universidades. A peça jornalistica, se assim lhe posso chamar, não diz de que estudo se trata e o seu autor é apenas apresentado como um ex-reitor como se esse facto tornasse alguém habilitado para fazer rankings (o nome Sousa Lobo só surge lá para o meio da notícia).
O artigo não explica quais os critérios usados para fazer o ranking, nem nos elucida sobre locais onde possamos comprar ou consultar o estudo.
A universidade do Minho é apresentada como a universidade de ....Braga! E fala-se em docentes "de carreira", seja lá o que isso for.
O artigo continua no mesmo tom comparando o sistema universitário português com o norte-americano- é como comparar alhos com bugalhos!
Mais um exemplo do bom jornalismo que se practica actualmente em Portugal.
O artigo não explica quais os critérios usados para fazer o ranking, nem nos elucida sobre locais onde possamos comprar ou consultar o estudo.
A universidade do Minho é apresentada como a universidade de ....Braga! E fala-se em docentes "de carreira", seja lá o que isso for.
O artigo continua no mesmo tom comparando o sistema universitário português com o norte-americano- é como comparar alhos com bugalhos!
Mais um exemplo do bom jornalismo que se practica actualmente em Portugal.
Perguntei a várias pessoas se sabiam que estudo era este. Ninguém sabe. Conclusão é uma espécie de estudo fantasma que chegou para assombrar os meios académicos. A altura em que vem não podia ser melhor: Estamos na fase de candidatura dos alunos ao ensino superior. O que levanta a suspeita de poder ser um estudo patrocinado por algumas instituições funcionando como propaganda encapotada. Os media em Portugal estão cada vez mais abjectos...
Quanto ao estudo propriamente dito, do pouco que se diz no artigo também parece comparar alhos com bugalhos:
- Desde logo ao comparar diferentes universidades como um todo em vez de fazer comparações departamento a departamento, compara universidades que leccionam uma série de cursos na área de ciências sociais e humanidades com outras que quase só leccionam engenharias e ciências exactas. Ora as ciências sociais e humanidades tradicionalmente publicam poucos artigos cientificos ao contrário das ciências e das engenharias. Assim não surpreende que Aveiro ganhe: A U. Aveiro lecciona apenas 4 cursos de linguas contra 20 e tal cursos de engenharia e ciências exactas. Se olharmos para a Universidade Nova de Lisboa por exemplo, o panorama é outro: lecciona 18 cursos de ciências sociais, mais direito e economia contra apenas 16 cursos de ciências e tecnologia. E se olharmos para a Universidade Técnica de Lisboa será que a faculdade de arquitectura (FA) e a faculdade de motricidade humana (FMH) publicam/devem publicar muitos artigos científicos? Não me parece que seja essa a sua função primordial.
- O estudo compara apenas "docentes de carreira". Suponho que isto signifique que os assistentes e os convidados não contam? Porquê esta opção? (não sei se isto é significativo para distorcer os resultados).
- O estudo contabiliza artigos cientificos internacionais dizem eles. Mas que artigos? Não referem o factor de impacto das publicações contabilizadas nem sabemos se o número de citações dos artigos foi um critério. É que não é o mesmo publicar numa boa revista ou numa revista qualquer, nem é o mesmo publicar um artigo que ninguém cita ou um que se torna referência numa área cientifica e é muito citado. A quantidade e a qualidade não são sinónimos.
Mesmo sem ler este estudo e sem saber mais sobre a metodologia não exito desde já em classificá-lo como mais um caso de estatística patética!
Labels: Science
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