12.06.2005

Rajada

Vai ler isto? Se tem problemas cardíacos não o faça!
Advertência: Baseado em factos reais. Não é um jogo de computador.



Quinta-Feira:
6:00 AM - Saltar em cima da tampa da mala para que esta feche. Demorar 1 Hora para carregar no carro toda a panóplia de inutilidades que pensamos serem necessárias para um fim-de-semana grande. Conduzir 500 km na monotonia da auto-estrada, só quebrada pelas belas obras que há lá sempre. Descarregar a tralha toda para dentro de uma casa que dada a minha ausência prolongada se tornou num hotel para formigas. Aspirar raivosamente formigas. Ir comprar algo que se coma à única coisa aberta no feriado - um hipermercado – Por sinal também cheio de formigas; formigas humanas com sorrisos consumistas estampados na cara e carrinhos cheios de caixas de brinquedos gigantescas. Pisar várias pessoas. Dar encontrões em várias outras. Sacudir o suor da cara. Voltar para casa. Aspergir os cantos onde os miúdos não chegam com veneno para formigas. Comer. Limpar algum lixo. Tomar banho. Algazarra - chegam amigos. Abre-se uma garrafa. Come-se uma peganhenta fondue de queijo. Beijos e abraços. Manada de amigos sai – Bagunça fica!

Sexta-Feira:
7:00 AM – Saltar da cama. Com alguma dificuldade conseguir sair de casa às 9:30 H. Conduzir 200 km até Évora. Ainda gozo a bela paisagem da Ponte Vasco da Gama. Mais à frente só torrentes de chuva e vento. Comer à pressa. Sentar o rabo numa mesa de reuniões. Meia-dúzia de engravatados deixa sair catadupas de blá blá da boca para fora. Um deles está tão fossilizado que o blá blá se transformou num mumble mumble inaudível. São como os candidatos à presidência, nenhum tem qualquer ideia útil e se tem guarda-a para si com medo das consequências se a disser. Tempo para uma saltada ao Açude. 3 Enchidos de porco preto e uma carteira vazia depois arranco outra vez para Lisboa. Pelo caminho tento alimentar-me com uma mão cheia de chocolates que saquei à socapa da despensa sem o resto da família ver. Mordo o primeiro, supostamente de chocolate preto amargo. Surpresa, é de massapão. Mordo outro, de laranja. Nova surpresa, também é de massapão! Uma caixa de chocolates que me foi oferecida por um amigo dilecto… Parece impossível. Ao fim de 15 anos de amizade ainda não sabes que eu ABOMINO massapão? Chegada a casa. Família de visita pendura-se toda no meu pescoço. Beijos pegajosos das tias velhas. Pomos a conversa em dia. Jantamos. Piram-se. Atiro-me pr’á cama.

Sábado:
Alvorada. É preciso ir fazer as compras de Natal. Odeio fazer compras. É uma tarefa boçal. Olhando para a lista que fiz tento escolher um sítio onde comprar rapidamente tudo o que é preciso. Opto por 2 grandes superfícies. Muitos saquinhos pendurados no braço e várias horas depois concluo que ainda falta metade da lista. Claro que nestes sítios nunca há as prendas personalizadas que eu gosto de dar. Arranco pr’ó Chiado. Parque do Camões: cheio. Parque da Império: cheio. 3 voltas ao Governo Civil: cheio. Praça da Figueira: completo com fila. Restauradores: completo com fila. Parece que não vou ao Chiado hoje! Indecisão: Corte Inglês ou Saldanha. Saldanha porque Corte Inglês deve estar a rebentar pelas costuras. Mais umas penosas horas. Arrasto-me para casa. Doem-me todas as juntas do esqueleto e ainda falta comprar 2 gravatas. Em casa há gente cheia de alegria e vitalidade: - He… sábado à noite, que tal irmos sair? - S…A…I…R?!! Nem penses!

Domingo:
Gravatas personalizadas e decentes é na loja X do Colombo. Para as comprar é preciso chegar lá antes do centro comercial estar tomado por volumosos cardumes de gente arrastando os bigórnicos pés pelos corredores e os olhos esbugalhados pelas montras. Às 10:03 H já estou a acelerar pela Lusíada fora. Constato que já se foi mais um salto de sapato ao ar. Descolado, mas pouco. Ainda aguenta. Os fabricantes de carros deviam pôr uns encaixes para os saltos debaixo dos pedais. Estúpidos, não sabem explorar nichos de mercado… Abicho uma sacada de coisas na Tema. Namoro o “The Complete New Yorker”. O namoro termina abruptamente quando vejo o preço. Procuro a loja X. 15 minutos depois, a triste realidade. A loja X já não existe. Trampa. Horror. Pânico. Onde vou arranjar gravatas decentes neste pardieiro? Entro e saio de umas 150 lojas entretanto já entregues a magotes de gente que esventra expositores e se abana com um cartão visa dourado para se aliviar do calor da fila para pagar. Todas as lojas têm a mesma coisa: repulsivas gravatas às riscas, às pintinhas nauseabundas ou com repugnantes bonequinhos. Ou uma última variante, gravatas monocolores brilhantes estilo pivot de noticiário. Lembram-me proxenetas de luxo grosseiros. O desespero alastra. A maquilhagem derrete. Opto pelo menos mau. Nem acredito que acabei de comprar 2 gravatas anonimérrimas. Enfim. Um monte de malas e sacos é atirado displicentemente para dentro da mala do carro. Comem-se umas sandes. Esperam-me mais 500 km de condução no percurso inverso. Comer. Dormir.

Segunda-Feira:
- Olá Bom-Dia! Então, fim-de-semana grande? Boa vida! É Só descansar!
- (... Querem ver que este gajo leva um estaladão...) Hum, Hum....


0 Comments:

Post a Comment

<< Home

--------------------------------------------------------------The End------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------