11.23.2007

Estendal

É um post sobre roupa. E a estranheza que esta e seus nomes me causam às vezes, surgida dos tempos idos em que uma amiga me ensinou a "vestir" um chiton.

Começando nos fatos-macaco que não são vestidos por macacos mas sim por mecânicos, pilotos automobilisticos e presidiários. E nas jardineiras que não são vestidas por jardineiros....

Há as peças de roupa inteiramente ridiculas como o Bolero, um mini casaco que poupa tecido e dá assim lucro aos fabricantes, mas não aquece ... só arrefece. A gravata, essa inutilidade total inventada pelos croatas, usada nos seus uniformes militares durante uma das inúmeras guerras em que estes se envolveram. E o Gilet (em espanhol Jaleco e em turco Yelek), um casaco sem mangas popular na faixa étaria dos 60 anos masculina. Não podendo esquecer as camisas havaianas e as suas colegas muumuus, os vestidos havaianos, ambos com os caracteristicos estampados kitsch que já levaram todos nós às lágrimas de riso.

As estolas não passam de partes de cadáveres em torno do pescoço e as bandanas mais não são que lenços amarrados à rufia. Enquanto isso a diferença entre uma echarpe e um foulard é zero.

Eu tenho uma balaclava e uso-a no inverno, mas os meus amigos não conhecem o nome, embora um deles saiba o que é um "passe-montagne".

Um leotard é sexy, mas um petitcoat e um cinto de ligas são decadentes e ordinários.


As calças boca-de-sino, conhecidas na velha Albion, como boot-cut, são lugar comum. Já as mangas Virago que o Camões usava nem as estrelas rock as vestem. E os colarinhos van Dyke arrancam o seguinte comentário à pequenada lá de casa - "porque é que o babette é de rendas?"

As knickerboxers holandesas estiveram na moda o ano passado e os moçoilos pareciam mesmo parolos com aquilo, deviam obrigá-los a usar um cilício para se penitenciarem.

O meu avô tinha um gosto particular por vestimentas peculiares, a começar por um balandrau que não era preto nem maçonico, tinha várias capulanas pela casa cada uma mais colorida que a anterior, uma boina basca que usava no verão e uma boina cabo verdiana à Amilcar Cabral que usava no Inverno (ver foto de Cabral no topo), juntamente com um "trenchcoat" de cabedal preto. Às vezes também vestia o que ele designava por Samarra, a que eu chamo uma canadiana porque Samarra para mim é uma cidade no Iraque.

Mas nada é tão exótico e absurdo como um par de ceroulas ou uma peruca, nem tão ofensivo como uma burka ou uma bragueta (cuja aparição mais famosa é na laranja mecânica de Kubrick, onde aparece nos genitais do protagonista para compor o visual do personagem).

Mao deixou-nos casaquinhos. Mackintosh deixou-nos uma gabardine. Garibaldi um casaco. Um Sr. chamado Raglan (que perdeu um braço na batalha de Waterloo) deixou-nos umas mangas que dão muito jeito nas sweatshirts mesmo para quem tem o número regulamentar de braços em humanos não mutantes. A universidade de Oxford deixou-nos umas calças horríveis...

Não falemos sequer de roupas exóticas vindas da Ásia ou do Médio oriente. Basta irmos à Rússia para depararmos com estranhas vestimentas, em particular, para pôr na cabeça e nos pés. A Ushanka está à venda em qualquer flea market que se preze pela Europa fora (foto abaixo) e os lapti -sapatos de palha- eram usados por camponeses pobres na antiga união soviética (tratava-se de sapatos feitos com juta, bétula, tilia ou rafia entrançada pelos próprios. Basicamente trabalho de cestaria em forma de sapato). A palavra Lapti é hoje sinónimo de coisa rasca e de gente pouco educada.


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