Amalgama Existencialista
Ed Gein era um serial killer americano. Cresceu numa quinta isolada do mundo com um pai alcoólico e violento e uma mãe profundamente religiosa, que lhe dizia que todas as mulheres eram prostitutas excepto ela. A mãe impediu sempre que ele e o irmão tivessem amigos tornando-o num individuo socialmente incapaz. Uma história de infância parcialmente semelhante surge no livro " A história de Lisey" de Stephen King. Após a morte dos outros membros da familia, Gein dedicou-se a matar pessoas com requintes de malvadez. Na sua casa foram encontradas canecas feitas com caveiras, peças de roupa e máscaras feitas com pele humana e mobiliário feito com ossos humanos. Para além de matar pessoas Gein servia-se de corpos que desenterrava do cemitério local. Gein influenciou a construção dos serial killers nos filmes "Silence of the lambs- o silencio dos inocentes" e "Psico" e influenciou a escolha de nomes para várias bandas americanas. Referências a Gein surgem também na letra de várias canções, como na dos Slayer "Dead skin mask".
Errol Morris, um realizador com particular gosto por filmes noir, entrevistou várias vezes Gein para um projecto conjunto com o realizador alternativo Werner Herzog e em 1975 planearam escavar a campa da mãe de Gein para tentar comprovar a teoria de que ele teria retirado o corpo de lá. Morris não apareceu no cemitério em vez disso foi para a Flórida fazer pesquisa para o projecto "Nub city". A Nub era uma forma de fraude com seguros, por estranho que pareça muito popular, que envolvia a auto-amputação de um membro para receber o dinheiro do seguro. Morris também não chegou a fazer nenhum filme disto, mas conheceu a futura mulher na cidade onde Gein morava e onde ele o entrevistou. Herzog terá dito que se Morris algum dia chegasse a fazer algum filme, ele comeria os sapatos na estreia. Mais tarde Herzog cozinhou e comeu um sapato quando o primeiro filme de Morris estreou!
Enquanto esperava por Morris no cemitério, Herzog conheceu um mecânico local que mais tarde entraria no seu filme Stroszek. Stroszek é um filme escrito em 4 dias especialmente para Bruno S., o actor principal que não era actor profissional, bem como não o eram quase todos os outros participantes no filme. É uma espécie de aimless road movie canalha, que termina com o suícidio de Bruno seguido de um conjunto de imagens desconcertantes em que galinhas e coelhos dançam e um pato toca bateria.
Bruno S. é filho indesejado de uma prostituta que sofreu vários abusos e passou boa parte da infância em instituições para doentes mentais ou na prisão. Quando se tornou adulto adoptou a profissão de músico de rua. Mais tarde abraçou também a pintura. Bruno S. é mencionado na canção Color Bars de Elliot Smith.
Elliot Smith era um criativo músico norte-americano que teve uma infância dificil e se afundou em drogas e alcool mostrando sinais de paranóia no final da vida. Elliot suicidou-se ( ou foi assassinado pela namorada noutra versão da história) em 2003.
Ian Curtis dos Joy Division, que sofria de epilépsia, suicidou-se enforcando-se depois de ver o filme Stroszek e após ouvir o album de estreia a solo de Iggy Pop "The Idiot". Desconheço se o album é inspirado na novela "O idiota" de Dostoievsky.
Dostoievsky era epilético, tal como a personagem principal do livro, o Príncipe Mishkyn, o idiota. O principe é um bondoso e ingénuo homem que se vê numa intrincada situação amorosa com 2 mulheres e vários homens ao barulho. Curtis quando se suicidou estava a braços com problemas conjugais por ter uma amante entre outras coisas.
Dostoievsky era também um existencialista convicto e eu desconfio que toda a gente que mencionei acima a começar pelo serial killer e a acabar em Curtis também o eram.
Errol Morris, um realizador com particular gosto por filmes noir, entrevistou várias vezes Gein para um projecto conjunto com o realizador alternativo Werner Herzog e em 1975 planearam escavar a campa da mãe de Gein para tentar comprovar a teoria de que ele teria retirado o corpo de lá. Morris não apareceu no cemitério em vez disso foi para a Flórida fazer pesquisa para o projecto "Nub city". A Nub era uma forma de fraude com seguros, por estranho que pareça muito popular, que envolvia a auto-amputação de um membro para receber o dinheiro do seguro. Morris também não chegou a fazer nenhum filme disto, mas conheceu a futura mulher na cidade onde Gein morava e onde ele o entrevistou. Herzog terá dito que se Morris algum dia chegasse a fazer algum filme, ele comeria os sapatos na estreia. Mais tarde Herzog cozinhou e comeu um sapato quando o primeiro filme de Morris estreou!
Enquanto esperava por Morris no cemitério, Herzog conheceu um mecânico local que mais tarde entraria no seu filme Stroszek. Stroszek é um filme escrito em 4 dias especialmente para Bruno S., o actor principal que não era actor profissional, bem como não o eram quase todos os outros participantes no filme. É uma espécie de aimless road movie canalha, que termina com o suícidio de Bruno seguido de um conjunto de imagens desconcertantes em que galinhas e coelhos dançam e um pato toca bateria.
Bruno S. é filho indesejado de uma prostituta que sofreu vários abusos e passou boa parte da infância em instituições para doentes mentais ou na prisão. Quando se tornou adulto adoptou a profissão de músico de rua. Mais tarde abraçou também a pintura. Bruno S. é mencionado na canção Color Bars de Elliot Smith.
Elliot Smith era um criativo músico norte-americano que teve uma infância dificil e se afundou em drogas e alcool mostrando sinais de paranóia no final da vida. Elliot suicidou-se ( ou foi assassinado pela namorada noutra versão da história) em 2003.
Ian Curtis dos Joy Division, que sofria de epilépsia, suicidou-se enforcando-se depois de ver o filme Stroszek e após ouvir o album de estreia a solo de Iggy Pop "The Idiot". Desconheço se o album é inspirado na novela "O idiota" de Dostoievsky.
Dostoievsky era epilético, tal como a personagem principal do livro, o Príncipe Mishkyn, o idiota. O principe é um bondoso e ingénuo homem que se vê numa intrincada situação amorosa com 2 mulheres e vários homens ao barulho. Curtis quando se suicidou estava a braços com problemas conjugais por ter uma amante entre outras coisas.
Dostoievsky era também um existencialista convicto e eu desconfio que toda a gente que mencionei acima a começar pelo serial killer e a acabar em Curtis também o eram.
Isto é um texto à lá W.G.Sebald...
1 Comments:
Sinistro e interessante. Gostei.
Abraço!
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