7.07.2006

A globalização faz bem à saude?

De molho com 40º de febre e uma generosa amigdalite medito durante 3 dias no fatidico dia em que apanhei esta coisa. A conduzir durante toda a tarde num carro preto mais quente que uma estufa nos trópicos intervalando com visitas a edificios com ares condicionados gelados. Às 5 da tarde já tinha umas estranhas dores musculares em todo o corpo como se tivesse uma sórdida gripe e estranhas tonturas a acompanhar. Só depois de comer qualquer coisa tive a certeza que não era uma baixa de tensão.
A partir daí foram 3 dias a curti-la entre a cama e o sofa. Agora tento recuperar o meu posterior das intramusculares de penicilina.

Bom, mas isto não é sobre os meus estafilococus. É sobre "multietnicidade".
No hospital cá do burgo, fruto certamente de uma moda globalizante, os decisores têm nas urgências médicos de todas as cores e sabores. Já tinha apanhado vários espanhóis em visitas anteriores, mas esses nem se estranha. Fiquei mais tarde a saber pelo meu médico pessoal, que estes médicos são contratados e tratados quase como gado. Funciona assim: quem gere o hospital contrata uma empresa de "recursos humanos" para fornecer pessoal. Estas sinistras empresas de recursos humanos contratam pelo preço mais baixo possível meia dúzia de desgraçados desempregados com um diploma em medicina que tiveram o azar de nascer/viver no país errado ( ou está em guerra, ou têm excesso de médicos ou é do terceiro-mundo. Nalguns casos tudo junto). Estes médicos trabalham assim por tuta e meia lado a lado com os bem pagos clinicos portugueses a fazer o mesmissimo trabalho !

Calhou-me na rifa um simpático Cubano, que não arranhava nada de português. E que me contou a sua saga para fugir ao camarada Fidel. Ainda bem que eu falo espanhol senão em vez de penicilina ainda saía do hospital com pastilhas para a rouquidão na receita.
Fiquei ainda a saber que entre outras menos prosaícas nacionalidades existem nigerianos, russos e um palestiniano na mesma situação no mesmo hospital. Um palestiniano???? Será especializado em ferimentos causados por explosivos.... Não , ele é mas é carne para canhão, ele e todos os outros na mesma situação. Não perguntei ao cubano se às vezes não lhe apetece voltar para o Fidel....


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