Nomes Próprios

A lista de nomes próprios admitidos em Portugal está online na página da direcção geral dos registos e notariado. Juntamente com ela está a lista dos nomes próprios considerados não admissíveis. Menos mal que se passaram a disponibilizar estas listas para quem as quiser consultar. Antes eram um segredo fechado a sete chaves e tentar registar uma criança com um nome novo era um tiro no escuro com resposta pendente até às calendas gregas.
A lei nacional é extremamente conservadora e obriga a que o nome respeite a onomástica portuguesa. Há claras vantagens nisto, por um lado mantém-se uma integridade linguística nos nomes dos portugueses por outro ninguém nunca terá o azar de se vir a chamar "neutrão da silva kszxtspwa vai-te lixar". Claro que as desvantagens também são óbvias dado que as decisões sobre a introdução de novos nomes são tomadas por doutos Srs. linguístas encerrados nos seus bolorentos gabinetes à séculos cujas decisões incluem alguma arbitrariedade e pouca modernidade. Trata-se de um caso claro em que a lei coloca entraves à Inovação!

Senão vejamos: Admite-se "Fernão de Magalhães" mas não "Camões". "Dilan" pode ser mas "Ziggi" ou "Coltrane" não (querem ver que o linguísta não gostava de Bowie?). "Alejandra não, mas o masculino já é aceite.
A lei diz que nomes estrangeiros apenas são aceites se adaptados à fonética e grafismo portugueses. Mas então que dizer de: Quevin, Scote, Calebe, Cleo e Aliçon. Todos recusados!
De facto não há a mínima hipotése de se ser criativo. Quem quiser filhos com nomes grandiosos como "Sandokan", "Ben-Hur", "Samora Machel", "Sayonara", "Viking", "Curry" ou "Cheyeenne" o melhor que tem a fazer é emigrar.
E depois ainda há a particularidade de certos nomes só serem autorizados como segundo nome próprio ou acompanhados de uma partícula: "Las casas", "Loreto" só como 2ª nome mas Loreta já pode ser primeiro nome, "Luis Figo" apenas aceite como conjunto ( Isto quer dizer que João Figo não é aceite?), "Nascimento" só com um "do" antes, "O'Neill" é aceite, "Prazeres" só se precedida de "dos".
Mesmo nomes que estamos à espera que sejam aceites de caras não o são: "Tó" e "Zé" não são aceites , mas "Quim" é.

O melhor de todos para mim é "Kó-Ló". Aceito apostas. Estará na lista dos recusados ou dos admitidos?

Ecocamuflados

A camuflagem para antenas de telemóvel que não tem grandes adeptos nas empresas portuguesas (por cá o único exemplar que conheço está à beira da A1 no sentido Norte-Sul junto ao Carregado e é do subgénero Pinus com um tamanho colossal e uma geometria perfeita) é popular noutras paragens. Atente-se nos seguintes espécimens:

Maglev estampa-se

Erro humano provoca acidente mortal no Maglev experimental alemão. Foi na sexta-feira passada e provocou 23 mortos. A linha funciona em regime experimental e costuma transportar turistas e cidadãos das vizinhaças. O comboio embateu a 200 Km/h num vagão de manutenção que foi deixado na linha.

Depois disto é altura dos responsáveis pensarem na segurança como deve de ser. A activação de semáforos vermelhos se houver obstáculos na linha é uma das alterações a introduzir. Ultrapassar os problemas que os bombeiros tiveram em socorrer os feridos proque a linha está elevada 5 metros do chão e os veículos de socorro não chegam lá é outra.

Moral da Estória: Os maglevs são como as centrais nucleares, se não forem à prova de estupidez humana, mais tarde ou mais cedo há bronca!

Post anterior sobre Maglev.

Cremáster

E hoje temos um post sobre anatomia zoológica inspirado naquele badalado ciclo de 5 filmes que dá pelo nome de Cremaster. Tudo o que há a saber sobre o ciclo Cremaster resume-se em 5 ou 6 linhas:

1- Cremaster é o nome do músculo que suspende os testículos.

2- O ciclo de filmes (ou instalações video ou o que raio lhe quiserem chamar) foi realizado por um Sr. que se intitula artista e se chama Matthew Barney. Anteriormente apenas conhecido por ser namorado da cantora islandesa Bjork.

3- Muito hype rodeou os filmes, tendo estes sido alvo de uma exposição no Guggenheim de N.Y. que ocupou todo o edificio e envolveu objectos expostos e performances ao vivo. A fila para a exposição nalguns dias dava a volta ao quarteirão (mais um bocadinho e atravessava o central park!).

4- Os filmes são objectivamente uma das piores coisas que eu já vi, quer como cinema quer como instalações video.

5- Por cá passaram no King há uns tempos.

Desengane-se quem espera ver Cremasteres ao vivo nestes filmes. Não se trata desse tipo de filmes!

Comecei por ver um documentário com o autor, que mostrava também a exposição no Guggenheim. Logo aí uma série de explicações do próprio envolvendo ciência, pseudo-ciência, filosofia e conceitos transcendentais num palavreado muito tosco cheirou a esturro. O título da série de filmes não é explicado, o conteúdo dos filmes não é explicado, escolhas de locais e personagens têm razões obscuras e fica-se com a ideia que o Sr. estava completamente pedrado quando fez aquilo tudo ou então é esquizofrénico e a família nunca deu por isso.

De seguida temos a parvoeira de os filmes numerados de 1 a 5 deverem ser vistos pela ordem 3, 2, 5, 1, 4. Na verdade podem ver-se em separado e por qualquer ordem porque não têm quase nada em comum uns com os outros!

Comecei pelo Cremaster 4. Tem 42 minutos e som mono. Foi filmado na ilha de Man e em mais de metade do filme vemos 2 pilotos em carros de corridas com cores fulgurantes, um amarelo e outro azul, vestidos com fatos da mesma cor numa estreita estrada da ilha. As mesmas imagens dos carros repetem-se várias vezes e são enxertadas noutras e passadas a diferentes velocidades (uma espécie de samplagem video). A outra metade do filme é passada num barracão num pontão. Mostra-nos algumas estranhas personagens a fazer macacadas.... Não há falas e que me lembre não há música, só ruídos. Se quisermos ser muito bem intencionados poderemos qualificar este filme como "hermético" ou "críptico". Indo um bocadinho mais longe eu diria que o conteúdo cinematográfico é nulo usando técnicas básicas sem resultados de monta. Como obra de arte é um objecto incoerente que nem choca nem espanta antes dá um desejo irreprímivel de sair do sofá e ir dormir.

Para dar uma hipótese ao Sr. comecei a ver o Cremaster 3. Aparentemente mais uma tentativa do Sr. Barney para ascender à categoria de intelectual elitista. Mas completamente falhada. O filme é tal como o anterior desprovido de qualquer sentido e não desperta qualquer emoção ou reacções em quem o vê.

Como a minha paciência tem limites os restantes ficaram por ver. É minha convicção que não trazem de novo e nenhum desejo de os ver me move. Por isso fundo do armário com eles!

SKU

O popular sku feito na serra da estrela com um saco de plástico sob o rabo e ála colina abaixo tem antepassados noutras paragens.
Aqui sugere-se uma versão de Sku para simpáticas mães de família duna abaixo numa praia chique. São usadas frigideiras da indústria hoteleira. Aquelas asas da frigideira é que me parecem um tanto ou quanto perigosas...

Nós por cá podemos sempre comprar umas paelheiras aos nuestros hermanos e seguir para as dunas do Guincho.

Datação

Quantos anos têm coisas que nós sempre vimos a circular desde pequenos?
Eu ainda me lembro de ouvir discos de vinil e de não haver internet (nem blogs), mas há coisas que eu nem imagino quando apareceram. Exemplo disso é o brinquedo acima, actualmente encontrável em qualquer loja do chinês ou feira de rua e feito em bom plástico colorido. Eu achava que a coisa devia ter sido criada numa qualquer fabriqueta asiática lá pelo inicio dos anos 90. O anúncio acima desmente categoricamente a minha datação. Trata-se de um anúncio que apareceu na Popular Science de Março de 1947!

Dorian Gray

Não se trata do retrato do dito, mas antes da sua roupa interior. Não sei partilhou o triste destino com o dono, mas certamente resistiu a muitas lavagens.

Dorian Gray é uma marca espanhola de cuecas para criancinhas. Imagino que o baptismo tenha sido feito por algum empresário fan (segundo os novos dicionários fan em Português é assim) de Wilde.

A ver vamos a durabilidade a muito rabo arrastado em parques infantis!

Yodley yodley Eeeehooo

Este ano os territórios abençoados com o meu séquito foram a Áustria, a Eslovénia e a Croácia.
Um curto périplo pelo Tirol e pela Caríntia na Àustria permitiram períodos de relax muito diversos. Alguns dias de estadia nas margens do Wörthersee (foto abaixo) com muita natação nas cristalinas águas, um cheirinho da gastronomia e longos passeios de bicicleta pelas margens foram úteis para recarregar baterias. O hotel estava bem apetrechado e experimentamos quase tudo - sauna, mini-golf, bicicletas, parque infantil generoso.

Apesar de Wörther significar Salgueiro-Chorão não presenciámos a existência de nenhuma árvore desta espécie à beira lago. Das várias localidades em torno do lago não posso deixar de destacar a bela Maria Wörth, imortalizada na foto seguinte, com a igreja encavalitada num promontório que entra lago adentro.

A provincia onde se situa o Wörthersee, a Carintía ( em alemão Kärnten), é governada pelo Sr. Haider que já foi chanceler austríaco e que é lider de um partido de extrema-direita. Uma das principais razões para os austríacos da região votarem nele é o ...MEDO. Os cerca de 600 mil habitantes desta região que faz fronteira com a Itália e a Eslovénia incluem um grande grupo de pessoas que são etnicamente eslovenas e a presença de italianos residentes ou de visita é constante. Apesar de não haver nenhum grupo de separatistas organizado, Haider soube despertar nacionalismos e recentemente uma decisão judicial positiva sobre as placas informativas terem de ser bilingues (alemão e esloveno) não foi acatada pelo governo regional. As actuais fronteiras entre estes 2 países foram fixadas em 1920.

De seguida uma voltinha pelos alpes, às curvas por estradas de montanhas com penhascos abruptos levou-nos até ao Hohe Tauern, um parque natural de montanha na fronteira entre o Tirol e a Carintia. A cordilheira montanhosa é perfurada por inúmeros túneis e viadutos altíssimos. O Túnel mais comprido que passámos tinha cerca de 8 Km de comprido. O parque alberga pelo menos 2 grandes Hot Spots, o Grossglockner e o Pasterze.

O Grossglockner é a mais alta montanha austríaca com 3798 m. É portanto a segunda montanha mais alta dos Alpes logo a seguir ao Monte Branco.
O Pasterze é o maior glaciar austríaco, fica na base do Grossglockner e deixou-me de boca aberta até me congelarem as mandíbulas de frio. Ei-lo:

Atente-se na escala do Pasterze. Nas fotos seguintes podem ver-se várias pessoas a passear sobre o glaciar. As mais vísiveis vestem de vermelho e encontram-se na primeira foto no canto inferior direito e na segunda também na parte inferior mas à esquerda.

Pode descer-se até ao glaciar usando um teleférico ou a pé por um trilho. A descida a pé dura 30 minutos e a subida cerca de 45 para pernas bem treinadas.

E depois do descanso resolvemos dar uma saltada à civilização usando a autoestrada até Graz. Uma cidade arquitectonicamente rica, pujante de vida e com muito para ver. Mas isto já fica para o próximo post...
Os austriacos são um povo pulido mas frio, que tal como os holandeses só não são gordos como um pote por culpa da bicicleta. Com efeito passam todo o dia a comer gigantestas taças de gelado abancados em esplanadas.