5.31.2005

Ilusão Óptica II

optic ilusion

Semelhante à grelha de Hermann, as ilusões ópticas deste post fazem aparecer pontos coloridos no cruzamento das linhas. Foram demonstradas pela primeira vez apenas em 1993.
O efeito é mais forte do que o observado na grelha de Hermann e neste caso o mecanismo que causa a ilusão é completamente diferente por mais estranho que isto possa parecer dada a semelhança visual dos efeitos.
Este tipo de ilusão óptica foi invocado em 2001 para explicar erros na contagem de votos na flórida.

Para quem estiver interessado nas explicações as referências ficam abaixo.

optic ilusion

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Ilusão Óptica

optic ilusion

A grelha de Hermann (1870), uma ilusão óptica bastante conhecida, faz aparecer pontos negros nos cruzamentos das linhas brancas, com excepção daqueles para os quais estamos a olhar.

A explicação técnica para esta ilusão pode ser encontrada em (link não aconselhável para quem não tenha conhecimentos avançados nesta área científica): Schiller, P. et al. (Mar 2004) web.mit.edu/bcs/schillerlab/research/A-Vision/A15-2.htm

Também funciona com a imagem invertida.

optic ilusion


Hermann L (1870) Eine Erscheinung simultanen Contrastes. Pflügers Archiv für die gesamte Physiologie 3:13–15

Hartline HK, Wagner HG, Ratliff F (1956) Inhibition in the Eye of Limulus. J Gen Physiol 39:651–673

Baumgartner G (1960) Indirekte Größenbestimmung der rezeptiven Felder der Retina beim Menschen mittels der Hermannschen Gittertäuschung. Pflügers Arch ges Physiol 272:21–22

Spillmann L (1994) The Hermann Grid Illusion: a Tool for Studying Human Perceptive Field Organization. Perception 23:691–708

Lingelbach, B & Ehrenstein, WH Jr (2002) Das Hermann-Gitter und die Folgen. DOZ 5:13–20, www.leinroden.de/304herfold.htm

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5.30.2005

Ericofone

ericofon



O Ericofone, assim chamado por ter sido criado pela Ericsson nos anos 40, entrou no mercado mundial já nos anos 50. Já não se comercializa há muito e é uma peça de design industrial rara. Há coleccionadores americanos a pagar bom dinheiro por um exemplar.

Se eles soubessem que há em Portugal pelo menos uma unidade hoteleira inteiramente apetrechada com: Ericofones autênticos!





ericofon
Ericofone: design Gösta Thames, Ralph Lysell, Hugo Blomberg para a Ericsson

Paris-Dakar


Canyon




Paris-Dakar. Fotografia sem tratamento

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Música: Beck - Guero (2005) IV

A "integral" do albúm Guero do Beck edição especial.

A tocar a faixa 4- Missing- vai estar no player durante um dia.



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5.27.2005

O imprevisto


O post era para se chamar "Dar Aulas". Mas assim ninguém lia. Ficou "O imprevisto", porque vou falar de Dinis Pestana, um insuspeito catedrático de rosto circunspecto que ensina probabilidades e estatística na FCUL.

Não o conheço de parte nenhuma. Mas chegou-me hoje um e-mail com uma pérola. Um enunciado de exame de sua autoria com a prova viva de que o massacrado Monsanto ainda inspira:

dinis pestana
Uma rápida pesquisa na net revela que este Dinis Pestana é o mesmo que comentou a mentecapta metodologia de seriação das escolas secundárias com o lacónico:

"... Se 100% das pessoas que morrem com um cancro praticaram relações sexuais ou são filhas de pessoas que praticaram relações sexuais, então aquela prática explica a preocupante prevalência da doença. Poderia também citar-se a afirmação, muito em voga, de que se uma altíssima percentagem de condutores vítimas de acidentes de viação tem muito álcool no sangue, então o álcool é perigoso para a condução. O raciocínio é completamente errado (note-se que se podia substituir álcool no sangue por ter os cabelos escuros) o que obviamente também não significa que a ingestão de álcool não tenha influência nos acidentes."


Não há muito que se possa dizer sobre estudos mal feitos pois não?

O mesmo Dinis Pestana que motiva os alunos com estudos estatísticos sérios sobre se "a mais velha profissão do mundo é bem paga" (Sim, um estudo sobre isto pode ser sério e ter interesse social) e pondo-os a jogar às cartas a dinheiro nas aulas.
O mesmo que diz que as aulas servem para "despertar o interesse dos estudantes para adquirir o verdadeiro conhecimento" e que "o que falta aos alunos portugueses é incentivos e precisam de ter a noção da extraordinária competição que existe. Uma das coisas que mais me choca é ver que os nossos jovens são descuidados em relação àquilo que os rodeia e aquilo que nos rodeia é uma internacionalização em que cada vez mais vamos ter em Portugal indivíduos oriundos de outros países, com um conhecimento científico muito profundo e que podem tomar conta dos lugares para os quais os nossos jovens não estão preparados e isso é uma situação que me assusta imenso”.
Um professor que ainda encara a profissão como um sacerdócio e não como um trabalho como qualquer outro.

O imprevisto, esse, espreita-nos a cada esquina, já a probabilidade associada a Dinis Pestanas é infelizmente baixa.

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Lucky Strike

Anteontem foi um dia estranho. Começou quando fui jogar squash na hora de almoço. O cacifo que escolhi para guardar a sacola já lá tinha uma moeda. Esquecida pelo anterior utilizador. Não de 50 cêntimos mas de 1 €. Os 2 montantes que os cacifos aceitam. E saiu-me logo o melhor.

À tarde no centro da cidade em plena hora de ponta num sítio muito movimentado a 2 passos de uma paragem de autocarro apinhada de gente vejo no chão um padrão familiar. Apanho do chão um maço de notas mesmo debaixo do nariz de várias pessoas. Ninguém parece reparar. São notas grandes. Das que não costumamos trazer na carteira. É uma maquia considerável. Nem acredito que isto acabou de acontecer.
Já em casa assaltam-me dúvidas. Haverá alguma maneira de devolver o dinheiro ao seu legítimo proprietário? Podia colocar uns cartazes digo durante o jantar.
Podias ter gente a telefonar-te todo o dia a tentar adivinhar qual a quantia para ficar com ela, podias podias... Candidata-te! Dizem-me jocosos.


Pronto tenho de dar a mão à palmatória. O melhor é ir de fim-de-semana com este dinheiro para um bom hotel à beira-mar e empanturrar-me com umas refeições suntuosas enquanto o IVA não aumenta. Já que não fiz ponte e tenho de trabalhar Sexta.

lucky


Música: Beck - Guero (2005) III

A "integral" do albúm Guero do Beck edição especial.

A tocar a faixa 3- Girl- vai estar no player durante um dia.

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Actualização

Actualizei os links ali ao lado.
Entrou o viciante Enigmódromo, para quem gosta de desafios.
Novas adicões também nas ciências. 3 de uma vez. Infelizmente nenhuma em Português. A spaceman's Blog, um blog na primeira pessoa de um would be astronauta poliglota que gosta de viajar. Historia de la ciencia, curtinhas de ciência em espanhol. E Worldchanging, com um leque de contributores que impressiona.
Nas artes, as novidades são: o dinâmico Som Activo, que divulga tudo o que é evento musical de Coimbra para cima, Galiza incluída. Cinema cuspido, um blog brasileiro que me chegou via Desnorte. E o primeiro blog visual que conheço- Espirro no Mato- estruturado na horizontal, como se estivessemos a percorrer uma galeria de arte verdadeira.

Uma volta pelas pesquisas feitas no Figmento nos últimos dias mostra algumas curiosidades:
- Ligre, Albinismo, plaquetas, nanopops e variações das anteriores são as keywords de pesquisa mais usadas.
- Nós de gravata e Mercalli, anagramas, ilusões ópticas, literacia e discriminação também são pesquisas comuns.

No capítulo das pesquisas obscuras temos as enigmáticas: "Entropia e ar condicionado" e "equivalencia em matematica em milhas" . Ainda houve uma pesquisa com as keywords "muita pornografia" ( Boa sorte para encontrar algo. Vai precisar!)

5.24.2005

Das Cabinet des Dr Caligari


O que pode tornar fascinante um filme de terror feito nos idos anos 20 cuja filmagem não tem nada de especial?


caligariNo caso particular do Gabinete do Dr. Caligari e na minha opinião pessoal é apenas o facto do filme ser um dos expoentes do movimento expressionista alemão com o impacto visual que isso acarreta.
Uma corrente que manipulava a luz de uma forma inovadora, distorcia formas e usava a cor para traduzir estados de alma ao invés de usar representações realistas.
Os cenários são desconjuntadamente fabulosos, quase tão esquizofrénicos como alguns dos personagens. Sombras em forma de triângulos e espirais pintadas nas paredes, mobílias bicudas e desproporcionadas, superfícies deformadas e sinuosas, edifícios de esguelha meio pendurados, portas oblíquas, salas distorcidas com ângulos agudos nos cantos e tectos inclinados, dão a quem vê o filme uma sensação de desorientação e de estranheza, de “out of placement”.

O guarda-roupa, a maquilhagem e o desempenho dos actores também pertence ao mundo expressionista. Cesare, o sonâmbulo parece dançar na sua figura grotesca e o personagem Caligari é tão bizarro que quase se funde com o cenário.
O filme foi feito logo após a I grande guerra e a Alemanha debatia-se com problemas económicos. O orçamento era muito reduzido portanto foi necessário poupar. Poupou-se nos cenários e na iluminação. Os cenários foram todos feitos com papel pintado e alguma madeira. Como não havia dinheiro para a iluminação, o claro escuro de alguns sets foi concebido para substituir parte da iluminação.

caligari

Alguns críticos fazem uma interpretação sociopsicológica do filme como um metáfora do que se passava na Alemanha na época e um protesto contra as autoridades.O medo provocados pela instabilidade política e económica era evocado através de personagens sombrias. Os cenários representavam o estado da sociedade alemã da época. O sonâmbulo do filme representaria a Alemanha e Caligari seria as autoridades alemãs, que tinham incitado a população a cometer crimes – a guerra- por elas. O filme também é visto como uma premonição da subida ao poder de Hitler, um manipulador de mentes para fins malévolos, tal como Caligari. O que já me parece um pouco clarividente a mais.

caligari

A história é contada em flashback pela personagem Francis: O sinistro Dr. Caligari exibe Cesare, um perpétuo sonâmbulo com poderes divinatórios, numa barraca de feira. Este prediz que Alan, um amigo de Francis irá morrer no próprio dia. O que vem a acontecer. A morte de Alan é uma dentre uma série de bizarros assassinatos que ocorrem na cidade. Caligari e Cesare tornam-se suspeitos óbvios. Mais tarde descobre-se que são culpados. Caligari é perseguido por Francis até um hospital para doentes mentais. Onde fica a saber que Caligari é o médico chefe do hospital. Num surpreendente volte face final Francis é apresentado como um dos doentes loucos do hospital que narra esta história a outro doente e Caligari é afinal um homem são. Mas as cenas finais do filme deixam ainda a pairar no ar a questão: será Caligari menos louco que Francis?

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6.83


deficit 6.83




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5.23.2005

Música: Beck - Guero (2005) II


A "integral" do albúm Guero do Beck.

A tocar a faixa 2- Que Onda Guero - vai estar no player uns dias.

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Jornalismo??

bad journalism
Surgiram uns artigos na comunicação social sobre os manuais de educação sexual. Bastante depreciativos!
No Expresso e no DN zurzem-se os conteúdos de dois manuais de forma alarmista. Os manuais contém, segundo esses jornais, várias "actividades" que são um atentado à intimidade dos jovens. São dados exemplos:
  • "O professor deve perguntar: o que está o rapaz a tocar (o mesmo para a rapariga)? Já fizeste isso? Onde o fazes? Com quem o fazes?"
  • "Alguns manuais escolares, elaborados em consonância com as novas orientações dos Ministérios da Educação e da Saúde, propõem aos professores exercícios para crianças de 10 e 11 anos tais como colorir «partes do corpo que gostam que sejam tocadas»."
  • "EM EXERCÍCIO de 50 minutos, destinado a turmas do 5.º e do 6.º ano, propõe que, durante a aula, os professores ponham os alunos de 10 a 12 anos a pensarem no maior número possível de sinónimos para palavras como testículos, pénis, vagina ou relação sexual. De acordo com os manuais para os professores é «normal e aceitável utilizar expressões consideradas menos adequadas» e que podem mesmo «causar embaraço ou tornar-se desagradáveis». No final, e esgotadas todas as hipóteses, os estudantes devem afixar num «placard» o resultado deste trabalho."

De facto coisas pouco apropriadas para se "ensinar" a crianças e jovens.

Mas afinal vem a saber-se que:

- Um dos livros, coordenado por Júlio Machado Vaz, não se destinava aos alunos mas sim aos professores que coordenassem a disciplina de educação sexual; e que o conteúdo não era bem aquele que aparecia na notícia ou que o contexto era diferente.

- O outro livro é um manual espanhol; portanto não é um livro que seja usado por alunos portugueses independentemente de ser bom ou mau.
- As informações fornecidas aos média foram compiladas por um sr. de seu nome João Araújo, apresentado na peça do Expresso como professor universitário e pai de quatro crianças. O Expresso esqueceu-se de dizer que João Araújo é um membro proeminente e activo da associação Juntos pela Vida. Parece-me que neste contexto seria uma informação relevante, já que a dita associação defende o fim do ensino da educação sexual nas escolas.

Sem querer opinar sobre a educação sexual nas escolas, cumpre-me dizer que esta é uma das razões por que deixei de comprar o Expresso há já uns tempos: Mau Jornalismo.
O Expresso tornou-se uma espécie de tablóide sensacionalista: Artigos mal escritos, artigos com paleio que não interessa nada nem informa, artigos em que não se confirmam fontes, em que se omite parte da informação...
As outras razões para deixar de o comprar e ler foram:
- Títulos dignos de um jornal "o Crime" mesmo em cadernos que se querem sóbrios como o da economia.
- A auto-promoção maciça e manipuladora que fazem a outras empresas do grupo (SIC e outras) e a artigos que vendem (livros, cds e etc...). Esta auto-promoção está em todo o jornal começando por grande parte da primeira página e acabando em propaganda disfarçada de artigos na revista Única.
- A quebra clara de qualidade das 2 revistas (única e actual). Com fotografias cada vez maiores e textos cada vez mais curtos.
A Única se consegue ter um artigo que se leia por semana já é sorte! Prima cada vez mais pelo estilo revista de sociedade acéfala género "Nova Gente". Nem os cronistas escapam: Rui Henriques Coimbra escreve sobre o mesmo que escrevia na revista "K" (lembram-se dela?) há uns 100 anos. Apesar de gostar do que ele escreve, saturei! Carla Hilário Quevedo lê-se na blogosfera e o resto é ... palha.
A Actual salvo raras excepções (Jorge Calado, Nuno Crato, João Lisboa e mais dois ou três) nunca foi boa. A crítica de livros aparecia meses depois de terem sido editados e apresentava como novidades coisas que não o eram. A crítica e divulgação de arte era totalmente filtrada de acordo com critérios que nunca me pareceram muito isentos.

Porque não tenho tempo nem paciência para isto deixei de comprar. É pena que não haja alternativas em português e que eu tenha de ler o que quero noutras línguas.

Sobre a polémica da educação sexual leia-se na blogosfera: A natureza do mal. Triciclo Feliz. Quase em Português. Murcon. Ma-Schamba. E em mais umas dezenas de blogs concerteza.

5.20.2005

Música: Beck - Guero (2005)

Caro leitores do blog,

Decidi passar a "integral" do albúm Guero do Beck. Na versão lançada no mercado japonês- Edição especial Disco duplo (1 deles é um DVD) com faixas extra e remixes. A faixa 1- E-Pro - vai estar no player até segunda-feira.
Na próxima semana irei pondo em audição as restantes.

Boa audição!

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Pornografia

penis

Os filmes pornográficos nos anos 60 e 70 tinham todos uma aura de flower power. Um grupo de pessoas divertia-se à grande em orgias desbragadas com tudo ao molho. Em alternativa um casalinho só, com cortes de cabelo ridículos, ela invariavelmente com longos cabelos compridos, ele com uma trunfa estilo afro com popa, entretinha-se num quarto com papel de parede démodé, ela ainda de underwear pirosa ele ainda com a indispensável peuga branca e relógio.

Quem não se lembra de garganta funda? Pouco enredo e muita acção numa produção low-budget. Mas neste como noutros filmes da época as personagens pareciam gostar do que estavam a fazer. Refiro-me sobretudo às personagens femininas. Não pareciam estar a sofrer, afinal estavam a ter relações sexuais, uma coisa que sabe bem e dá gozo. Não é suposto ser uma experiência má, nem suja.
Em qualquer destes filmes dos anos 70 o relacionamento entre as personagens femininas e masculinas era de amizade ou de paixão. Ou pelo menos transparecia do filme uma sensação de existência de afecto e respeito entre as mulheres e os homens.

As coisas mudaram. Há dias em casa de um amigo que assina um pacote da TvCabo que inclui um canal Porno fiquei a saber que a pornografia actual reflecte sem dúvida a sociedade actual. Durante 5 minutos pude ver um conjunto de imagens abjectas, com uma elevada carga de violência psicológica, em que mulheres pareciam estar sob coação. Na verdade ninguém parecia estar a divertir-se apesar de estarem a ter relações sexuais. Os homens, feios e gordos, com pénis que não eram dignos de serem mostrados num urinol público quanto mais num filme, tinham erecções semi-murchas e pareciam estar a fazer um frete. As mulheres de aspecto triste, pareciam estar ali obrigadas. Os homens mandavam nas mulheres como se fossem escravas.

Como corolário dos poucos minutos de acção que vi a cena terminava com um Bukkake. O meu amigo informou-me que as sequências terminam invariavelmente com bukkake ou mais raramente com snowball.
Mas os homens ocidentais agora também têm como fetiche a humilhação de mulheres?
Quem é que se excita com isto?
E os portugueses consomem passivamente um canal porno onde se confunde sexo com violência e agressão? Não estaremos a ajudar a criar uma nova geração de agressores sexuais? Sinal dos tempos!

Reservo-me o direito de não ter de explicar o significado de termos contidos no texto acima. Por favor não enviem e-mails a perguntar. E não, snowball não é um cocktail neste contexto.
Se não sabem consultem um dicionário. Por exemplo a Wikipedia.
A figura lá de cima é um pénis em .... Papier mâchè. Nada de anatomia ofensiva neste blog!


5.19.2005

Um murro no estômago

Hong Kong


Imaginem um subúrbio de Lisboa.

Uma Queluz ou uma Odivelas com os seus prédios horríveis. Pintados com a cor pastel que estava em saldo naquela semana. Manchados pelo pó, pela poluição e pela humidade. Prédios todos iguais com uns efeitos geométricos à lá Taveira no topo e umas varandecas esquálidas. Janelas com vista para o prédio vizinho. Corredores esguios e mal iluminados. Sem espaços verdes. Àreas pequenas, acabamentos anunciados como "de luxo" que se revelam "de lixo".
Imaginem as dezenas de pessoas que se acotovelam nesses apartamentos dormitório. Todos os dias a mesma rotina. Levantar sair trabalhar chegar dormir.

Agora imaginem isso em ponto maior. Muito maior. Imaginem a mesma área com uma densidade de construção 100 vezes maior. Bem-vindos a Honk-Kong!

As fotografias de Michael Wolf tiradas em Hong-kong no âmbito de um projecto chamado Architecture of Density mostram isso e muito mais. Neste post algumas enoclofóbicas amostras dos apartamentos em Hong-Kong. Nas páginas de Michael Wolf as fotos podem ser vistas em grande formato.

Hong Kong Hong Kong

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5.18.2005

Medicamentos: Preços de referência

pillsn

Enquanto curava a intoxicação descobri que os medicamentos comparticipados em Portugal estão abrangidos pelo SPR - sistema de preços de referência.
O SPR é nome do actual sistema de comparticipação de medicamentos. Baseia-se na atribuição de um preço de referência a um conjunto de medicamentos com um dado princípio activo. É com base neste preço, e não no preço de venda ao público se este for superior ao preço de referência, que o estado calcula a comparticipação. Já se o preço de venda ao público for inferior ao de referência, a comparticipação é calculada sobre o primeiro. Até que enfim que alguém fez qualquer coisa de jeito no Ministério da Saúde.

Mas o que verdadeiramente interessa não é isto. É a existência de uma listagem completa destes medicamentos organizada por princípio activo nas páginas do Infarmed. Com preços para todos os medicamentos listados. Criei logo um pdf ( pode criar-se um pdf a partir de uma página web online) e zás para dentro do PDA.
Agora quando for ao médico consulto a lista e só o deixo receitar o medicamento mais barato do mercado para o princípio activo em causa. Picuinhices? Nem por isso, mas porque hei-de enriquecer uma empresa farmacêutica em vez do meu bolso? Porque é que o mesmo medicamento custa 5 € se for da marca X e 7 € se for da marca Y?

Como Passar 2 dias em casa

Uma deliciosa salada russa. Com uma deliciosa maionese. Que tinha deliciosos ovos. Que tinham deliciosas Salmonelas.

Zás! Uma bela intoxicação!

As entranhas aos pulos, muitas visitas ao WC e a sensação de andar no convés de um barco durante uma tempestade tropical dessas com nome de mulher, durante 2 dias.

O que vale é que já passou! De volta aos cozidos à portuguesa!

5.13.2005

As maravilhas do Photoshop


Bom-dia!


O amanhecer visto da minha janela.


Antes: uma foto bera tirada por uma criatura tropega e ensonada.

Sunrise



Depois: Uma pérola digna de estar pendurada numa galeria de arte.

Sunrise

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5.12.2005

Viagens: Eslovénia


A Eslovénia, onde já estive várias vezes, é um pequeno pais com a forma de uma galinha encravado entre a portentosa Itália e a formosa Croácia. Quando partiram a Jugoslávia em bocados tiveram a decência de deixar um bocadito de costa à Eslovénia- 3 esquálidas localidades banhadas pelo Adriático.
Na primeira vez que a visitei a avenida principal da capital tinha deixado de se chamar Titovska à pouco tempo; a última visita já foi neste século. Entre uma e outra cresceram e floresceram os centros comerciais, os bares e restaurantes, os megacomplexos de cinemas e todos os deslumbramentos tecnológicos e modernos de que nos possamos lembrar. Felizmente algumas coisas não mudaram: A paisagem na fronteira alpina com a Aústria continua deslumbrante, as pistas de ski continuam maravilhosas, os lagos ainda não têm anúncios outdoor nas margens, a arquitectura de Plecnik continua de pé e as fornadas de designers gráficos que saiem da universidade ainda são do melhor que há na Europa. A capital é pequena e formosa, tem uma "feira da ladra" aos sábados nas margens do rio e permite que nos desloquemos de bicicleta.

ljublyana
Liubliana: ponte das 3 entradas. Joze Plecnik.

Fora da capital e nos arrabaldes urbanos desta ainda predomina o que o regime impôs durante tantos anos: prédios cinza construídos às três pancadas feios como tudo, tristes, degradados; rodeados por jardins cuja relva há muito se converteu em profusas ervas daninhas, recheados de gente tão cinzenta como os edificios. Mas as novas gerações já não são assim, a economia está em alta e o futuro é promissor e risonho. A Eslovénia é um sitio ideal para passar umas férias descansadas com a vantagem de poder dar um salto à bela Trieste e à fabulosa costa croata que ficam mesmo ali ao lado. A população anda pelos 2 milhões de habitantes e o fluxo de turistas não é suficiente para incomodar mesmo na época alta.

ljubljana

Liubliana: Rua Miklosic, edificio da autoria de Vurnik (1922).

Bled e Bohinj são os dois lagos mais bonitos do país. Em ambos é fácil alugar um barco a remos ou passear nas margens. Já tentar jantar tarde e a más horas pode ser um problema. Mas beber cerveja não!
Quem tiver folego pode tentar subir ao Triglav, a montanha mais alta do país, com três picos, que surge estilizada na bandeira nacional. A vista é deslumbrante.

ljubljana
Bohinj: Vista Parcial do lago


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Música

A Tocar:


Lou Reed, What's Good, 1991.

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5.11.2005

Em Inglês por favor II

What's Good

Life's like a mayonnaise soda
And life's like space without room
And life's like bacon and ice cream
That's what life's like without you

What good's a war without killing
What good is rain that falls up
What good's a disease that won't hurt you
Why no good, I guess, no good at all

This was last night without you:

last night

Well, no taste, no taste at all!


Em Inglês por favor

logo

5.10.2005

Gary Larson


Gary Larson, um cartoonista "científico" de que sou grande fã.

garylarson



Gatos no seu melhor!

gary_larson


gary_larson


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5.09.2005

The Birth of a Nation - Griffith

Tal como prometido o primeiro texto sobre o mosaico de filmes. Este vem mesmo a propósito e a tempo para as comemorações do 60º aniversário da derrota do regime nazi.

“The birth of nation” é uma adaptação do livro de 1905 “ The clansman” da autoria de Thomas Dixon, um padre racista. O filme tecnicamente muito sofisticado para a época contém importantes avanços artísticos e técnicos para a indústria cinematográfica*, incluindo uma cena colorida (que surge quase no final). Foi um sucesso de bilheteira na época apesar das suas 3 horas de duração e permanece um marco incontornável da história do cinema.


Na primeira parte mostra-se a introdução dos escravos negros nos EUA, a vida quotidiana dos personagens principais na fase pré-guerra civil de 1860 e a dita guerra. As personagens principais são duas famílias amigas, uma sulista, outra do norte, com as implicações que daí advém. Os membros das duas famílias defrontam-se na guerra havendo umas paixonetas à mistura. Os negros são caricaturados estereotipadamente como criaturas más ao longo de toda a primeira parte mas não é demasiado evidente o carácter racista do filme nesta parte.
A segunda parte pode ser considerada como muito mais racista mostrando os negros como selvagens vilões causadores da desgraça. Esta segunda parte mostra o que se passa no pós-guerra no seio das duas famílias e da sociedade - A reconstrução. A ascensão social dos negros e a miséria em que ficaram as famílias do sul. Mas o que interessa reter do filme não é a parte romanceada: Na segunda parte surgem os verdadeiros heróis do filme- O Ku Klux Klan- A organização que vai libertar a sociedade branca dos terríveis negros. O KKK é glorificado.

Pelo exposto fica a saber-se que se trata de um filme extremamente controverso. Na época suscitou um recrudescimento do Ku Klux Klan e dos sentimentos racistas nos EUA. Também ouve motins nalgumas cidades e 2 cenas foram mesmo censuradas.
Ao ver este filme cresce dentro de nós a dúvida. Devo eu condenar e vetar uma obra de arte se o seu conteúdo for ideologicamente condenável ou se for contrário aos meus valores? ( Para mim este foi o verdadeiro valor deste filme. Fez nascer em mim esta dúvida.)

Griffith defendeu-se das acusações de racismo com os seguintes argumentos:

- O filme é a adaptação fiel de uma obra da qual ele, Griffith, não era o autor.

- Todas as pessoas tinham o direito de livre expressão e pensamento quaisquer que fossem as suas ideias. Ao tentarem censurar o conteúdo do filme estariam a cercear essa liberdade.

- E por último um irónico : “Na altura em que fiz o filme eu não era racista.”

No inicio do filme surge o seguinte intertítulo:

“A PLEA FOR THE ART OF THE MOTION PICTURE":

“We do not fear censorship, for we have no wish to offend with improprieties or obscenities, but we do demand, as a right, the liberty to show the dark side of wrong, that we may illuminate the bright side of virtue - the same liberty that is conceded to the art of the written word - that art to which we owe the Bible and the works of Shakespeare.”

Em resposta às criticas e à celeuma causada por “The birth of a nation” Griffith acabou mais tarde por realizar “Intolerância” de que falarei daqui a uns tempos.
Sobre a mensagem veiculada no filme Griffith nunca se pronunciou com clareza e permanece a dúvida:
É um filme racista, um exercício de liberdade de expressão ou pretende apenas narrar factos históricos?
Incontornável é o facto de o filme continuar a suscitar debates actualmente e ainda ser utilizado pela KKK para recrutamento.

*Algumas inovações técnicas : Filmagem nocturna (usando “flashes” de magnésio); Filmagens no exterior; Still-Shots; ângulos de filmagem múltiplos, filmagem de acção em paralelo, panorâmicas, travellings, close-ups, dissolves e fade-outs para mudar de cena.


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Hoje não me sinto bem!


smoke
Há uma névoa...


flies
Há um mal estar....

lime
Há qualquer coisa fora do sítio...


red

Sinto-me assim...

Há sempre imagens que valem mil palavras e exprimem o que sinto. Obrigado Graham Jeffrey!

5.06.2005

Física na Cidade

Física na Cidade- Uma iniciativa do departamento de física da universidade do Minho no âmbito do fisicum2005, espalha pela cidade de Braga vários posters com dados biográficos de físicos importantes (ou pessoas que deram contribuições importantes para a física). Os físicos foram todos muito bem escolhidos e os cartazes foram espalhados em zonas centrais da cidade com grande visibilidade. A iniciativa contribui para levar a física até mais próximo dos cidadãos comuns.

Já os lugares escolhidos para colocar os posters é que não foram felizes. Não se percebem os critérios de escolha. Vejamos:

Percurso 1- Física Clássica
  • Arquimedes - casa Machado
  • da Vinci - Barbearia Matos
  • Galileu - Associação comercial de Braga
  • Newton - Farmácia Pipa
  • Faraday - Pires joalheiro
  • Maxwell - Casa Flores
Ontem o Maxwell convivia alegremente com cuecas de renda e fatos de banho garridos na montra da casa Flores. O Newton debatia-se com vários anti-rugas e outros cosméticos na farmácia Pipa e da Vinci sacudia cabelos de cima.

A minha sugestão seria:

  • Arquimedes - Uma Piscina municipal.
  • da Vinci - Uma loja de ferramentas e peças mecânicas. Este até pode estar em qualquer sitio.
  • Galileu - Obviamente a torre de menagem.
  • Newton - Uma frutaria com muitas maças.
  • Faraday - Uma loja de pássaros com gaiolas.
  • Maxwell - Uma joalharia que venda aneis mesmo que não venham de saturno.
Isto sim tinha lógica!

Vejamos o segundo percurso:

Percurso 2- Física Séc.XX
  • Marie Curie- Correios
  • Einstein - Café Viana
  • Schrödinger - banco BPI
  • Bohr - Turismo
  • Fermi - Casa Manã
  • Heisenberg - Mercado
  • Yukawa - Museu da Imagem
  • Landau, Feynman, Shockley, Bardeen, Brattain - Biblioteca
Também não têm lógica nenhuma. A minha sugestão vai para:
  • Marie Curie- Estação de rádio
  • Einstein - Estação da CP
  • Schrödinger - Uma loja de animais que venda gatos
  • Bohr - Agência de modelos
  • Fermi - Uma loja que venda pilhas
  • Heisenberg - Um centro de explicações (tiram incertezas?)
  • Yukawa - Uma loja que venda mesas
  • Landau - Um stand de automóveis
  • Feynman - Qualquer cabaret ou bordel
  • Shockley Bardeen, Brattain - Megastore de informática e electrodomésticos

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5.05.2005

Arqueologia Cinematográfica


É disso que se vai falar neste blog nos próximos tempos. Filmes das décadas de 10 e 20 do século passado. À medida que os for revendo vou escrever sobre cada um deles. Os escolhidos são obviamente os meus favoritos, mas recomendo-os a toda a gente. São filmes magnificos que nunca passarão de moda. São muito diferentes uns dos outros e não consigo escolher nenhum como o melhor. Entre o coração e a alma a minha escolha oscila sempre. Do visceral "The birth of a nation" à ficção entusiasta da "viagem à lua" a escolha é impossível.

Alguns realizadores repetem-se e bisam na minha lista. Porque são os melhores! Outros repetem-se na minha lista para as décadas anteriores e/ou posteriores.

É notória a evolução técnica ao longo dessas 2 décadas. Comparar o "viagem à lua" de Meliés com o "un chien andalou" de Buñuel é como comparar a TV a preto e branco com um IMAX. Nisso por mais engenhosos que fossem os realizadores não há volta a dar-lhe...

Os meus escolhidos (de cima para baixo, da
esquerda para a direita ):


  • Nosferatu, o vampiro - F. W. Murnau (1922)
  • Nanook, o esquimó- Robert J. Flaherty (1922)
  • Blackmail - A. Hitchcock (1929)
  • The Birth of a nation- D.W. Griffith (1915)
  • Intolerância - D.W.Griffith (1916)
  • Das cabinett des Doktor Caligari - Robert Wiene (1920)
  • Un chien Andalou - Luis Buñuel, Salvador Dali (1929)
  • Greed - Erich von Stroheim (1924)
  • Viagem à lua - G. Meliés (1914)
  • Metropolis- Fritz Lang (1927)
  • O couraçado Potemkin - S. Eisenstein (1925)
  • Sunrise - F. W.Murnau (1927)

movies

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5.04.2005

Música

A Tocar:

Robert Wyatt - Shipbuilding ( 1982).

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Time


Anúncios da revista norte-americana Time. Um exemplo de boa propaganda da responsabilidade da Fallon (NY).






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